A qualidade da reciclagem passa pela correta segregação
A coleta seletiva já é realidade em muitos lugares do país, no entanto, segundo dados do IBOPE, mais da metade da população brasileira ainda não sabe reconhecer o que é resíduo reciclável, nem o que é coleta seletiva. Ainda, a pesquisa de 2018 revela que a grande maioria dos brasileiros sabe da importância da reciclagem para o meio ambiente. Considerando aos que conhecem e possuem coleta seletiva em seus municípios, parto do pressuposto que precisamos melhorar e muito a destinação de recicláveis, uma vez que a correta segregação na fonte e posterior disponibilização para coleta seletiva, logística reversa ou outra forma resulta no aproveitamento efetivo desses materiais.
Em palestras e consultorias sempre me perguntam: De que adianta separar os recicláveis se na coleta de materiais recicláveis se misturam os resíduos? Então na prática, e também me incluo nesse aspecto, separamos em uma única lixeira os materiais recicláveis. Acontece que lá na frente, os recicláveis precisam passar por uma triagem, e lá muitos deles já perderam seu valor, toma tempo e encarece o processo de reciclagem.
Como podemos proceder?
Ações precisam ser tomadas com urgência para melhorar o valor dos recicláveis, tornando a coleta seletiva efetiva e dar dignidade a quem precisa manusear esses materiais. Uma solução simples, que já é disseminada na Itália, é a coleta diferenciada. Isso melhora e muito a qualidade dos resíduos recicláveis. Para isso, é necessário o engajamento do poder público, ao estabelecer um calendário de coleta para cada tipo de resíduo, distribuído para cada dia da semana. Assim, o cidadão, tem o compromisso de destinar somente o resíduo designado para aquele dia. A segregação ocorre na fonte. A responsabilidade é compartilhada e dá senso de comprometimento a quem destina seu resíduo.
Na prática é muito simples, por exemplo, na segunda-feira, coleta-se papel, na terça-feira, plásticos, na quarta-feira, metais, quinta-feira, vidro, sexta-feira, outros resíduos secos não recicláveis. Nas cidades que visitei esse método de coleta é muito eficaz, pois se caso alguém destine um resíduo diferente do dia determinado, é deixada uma advertência e o resíduo não é coletado.
A experiência que tive a oportunidade de conhecer, vai adiante, porém com total viabilidade para ser implementada por aqui. Em pequenas cidades do norte da Itália, a coleta diferenciada, como é chamada, educa o cidadão pelo bolso, pois lá a cobrança pela destinação de lixo é pelo método chamado de tarifa pontual. Uma cobrança justa, pois o cidadão paga à medida daquilo que ele destina à coleta pública. Gerou mais resíduos, paga mais. A medida é tão eficiente, que permite taxas de eficiência de até 90% de reaproveitamento dos resíduos sólidos urbanos, cidades lixo zero, que não têm custos de manutenção com aterros sanitários, além dos resíduos orgânicos que são transformados em biogás.
O caminho a ser percorrido em gestão de resíduos sólidos em nosso país, ainda é longo. Está na hora do poder público promover medidas inteligentes nesse processo e adotar práticas mais racionais quanto ao tratamento de resíduos recicláveis. A educação ambiental é primordial, hábitos de consumo precisam ser revistos e a comunicação sobre a destinação correta tem que ser eficaz.
Enquanto isso, separar recicláveis dos rejeitos já é um grande passo, há que se avançar nessa prática. E você? Pratica a separação do seus resíduos recicláveis?
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